Não sei se este é um sentimento comum a muitas pessoas, mas sempre tive
o sonho de ter um professor semelhante ao Sr. Keating, personagem de Robin
Williams no filme Sociedade dos Poetas Mortos.
A
idéia de ter um professor apaixonado pelo ensino, extremamente didático
e motivador, que não se detém a um conteúdo limitado e instiga o
conhecimento a partir da autocrítica e da busca por diferentes visões de
mundo
é, para mim, das mais agradáveis. Pena que este tipo de professor
represente o
antônimo do sistema convencional de ensino, hegemônico no Brasil.
O sistema de ensino no Brasil segue uma metodologia arcaica onde o
fazer pensar é preterido pelo decorar. Desde a educação básica – pouco valorizada
– ao ensino superior, o aluno brasileiro é estimulado quase que somente a memorizar
o que será cobrado em provas e a valorizar a aprovação nas mesmas, sem que seja
dado verdadeiro destaque ao conteúdo e à visão crítica de mundo, o que
idealmente é função da escola.
Ao longo da minha vida estudantil,
percebi que as políticas públicas só corroboraram com esta situação. Desde a
era pré-Lula – onde a direita política era majoritária no Brasil – até o
governo Dilma, o ensino e a formação crítica do cidadão não foram valorizados. Se
antes nem a quantidade de instituições de ensino era ressaltada, agora é
somente ela que tem destaque. O incremento no número de universidades e de
escolas técnicas que aconteceu nos últimos 12 anos é exaustivamente exaltado
pelo governo, ao passo que uma educação de qualidade e uma subsequente análise sobre
a formação crítica e intelectual dos alunos nunca existiu.
Infelizmente, não vejo nenhuma perspectiva
de melhora na educação do brasileiro nem em curto nem em médio prazo. Imaginei
que uma política esquerdista de governo seria capaz de trazer as atenções à
educação pública, tornando-a de qualidade. Enganei-me. Também se engana quem
acha que uma eventual vitória da direita conservadora brasileira nas eleições
de outubro irá mudar a conjuntura atual. Os dois lados da velha polarização
partidário-ideológica brasileira já detiveram o poder e não foram capazes de
reverter a precária situação educacional.
Espero que os Srs. Keating que
existem por aí, ainda que poucos, consigam fazer um trabalho de formiguinha e desenvolver
pensamento crítico na geração em crescimento. Talvez assim possamos, a duras
penas, ver essa geração se tornar a nova opção política que venha a promover e
a valorizar qualidade no ensino brasileiro em larga escala.
Tive um professor assim no Poliedro. Ele se chama Rodolfo e tem um site - historiaonline.com.br. É realmente refreshing estudar com professores assim, mas acredito que é uma questão que também reflete o sistema de como tudo funciona, né. Por exemplo, nos EUA, é levado em consideração se você participa de grupos de debates, atividades de voluntariado etc quanto às admissões nas universidades, em que tudo começa. Aqui, tudo se resume a uma nota e, querendo ou não, esperar que os jovens burlem o sistema e não se importem com esse tipo de aprovação é um pouco insensato na minha opinião...hahaha Mas não sei, né. É algo a se pensar.
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